A Raquete Elétrica Que Mata Mosquitos Que Foi Longe Demais em 2025 | Photon Matrix

O Antibosquito Laser: Uma Ideia que Foi Longe Demais?

O que apresentamos aqui é um conceito que realmente chama a atenção: uma raquete ou dispositivo que utiliza laser para abater mosquitos. Este tipo de ideia, que parece ter saído diretamente da ficção científica, levanta questionamentos importantes sobre sua viabilidade, segurança e desenvolvimento ao longo do tempo.

A Origem da Ideia: Fotonic Fence (2007)

A inspiração para armas que disparam torpedos ou raios fotônicos, comuns em filmes como *Star Wars* e *Star Trek*, não é totalmente nova no campo tecnológico.

Em 2007, a Fundação Bill e Melinda Gates lançou o projeto **Photonic Fence**. O objetivo principal era combater a malária, utilizando uma tecnologia que funcionava como uma “sentinela”. A ideia remetia a dispositivos autônomos, como as sentinelas do jogo *Team Fortress 2*, capazes de detectar, rastrear com ajuste de ângulo e disparar contra alvos — neste caso, mosquitos — utilizando um disparo de laser em vez de um projétil físico.

O Dilema da Segurança e Precisão

A proposta do laser, embora engenhosa para eliminar vetores de doenças como a malária, carrega um risco inerente. Qualquer arma, seja ela laser ou até mesmo um estilingue, que tenha poder suficiente para matar um mosquito, é potencialmente capaz de causar algum dano a um ser humano, por menor que seja.

Enquanto armas de chumbinho, apesar de causarem notícias negativas, geralmente não são letais, um disparo de laser, dependendo da potência, pode causar a perda da visão com 100% de precisão. Isso torna o uso de um sistema automatizado de laser em ambientes compartilhados — onde há pessoas circulando — extremamente complicado e perigoso.

Todas essas soluções, em algum momento, esbarram na lógica de segurança: se o objetivo é erradicar a malária, de que adianta ter um exterminador de mosquitos que desativa automaticamente quando detecta uma pessoa próxima por segurança? Isso anularia a eficácia do sistema em ambientes povoados.

Na prática, demonstrou-se que a dificuldade reside em:

  • Ter uma máquina que se mova e se ajuste com a precisão e velocidade necessárias para acertar um alvo pequeno e rápido como um mosquito.
  • Concentrar um laser em um ponto exato, dado que o alvo é pequeno e veloz.

Embora não seja impossível, é financeiramente inviável desenvolver um equipamento rápido e preciso o suficiente para rastrear e abater mosquitos voando em tempo hábil, mantendo a segurança humana.

Linha do Tempo da Evolução da Ideia

A ideia de um “laser mata-mosquito” seguiu um caminho interessante na última década:

  • 2007: Proposta inicial com o Photonic Fence.
  • 2009: Discussão sobre o tema **Silverkill**.
  • 2010: Demonstrações que foram posteriormente alegadas como falsas.
  • 2014: Ideia considerada absurda, gerando piadas e quadrinhos.
  • 2016: Pesquisas sobre as tentativas anteriores.
  • 2017: O conceito é revisitado, mas com uma mudança de foco.

Mudança de Rota: Aplicações Alternativas

Ao longo do tempo, percebeu-se que o uso doméstico, como um “photonic sentry”, não era comercialmente viável. O nome mudou, sugerindo que a aplicação poderia ser mais adequada para usos **agrícolas ou científicos**.

Nesses contextos, um dispositivo caro (estimado em cerca de R$ 100.000) posicionado no topo de uma plantação, que abatesse mosquitos em um raio de 1 km, poderia ser interessante, especialmente por ser uma solução sem pesticidas. A eliminação de vetores de doenças é crucial, sendo preferível a métodos que afetam negativamente a fauna local.

Além disso, a tecnologia laser já é aplicada na agricultura para afugentar pássaros (usando lasers que piscam para que eles interpretem como um sinal de “saia”), evitando danos às plantações sem pesticidas ou maus-tratos.

A Complexidade Regulamentar do Laser

É importante notar que equipamentos de emissão de laser são extremamente regulamentados em muitos países, incluindo o Brasil, EUA e Europa. O uso de lasers para gravar ou queimar mídias como CD ou Blu-ray já exige normas de segurança rigorosas.

A ideia de um equipamento aberto, disparando laser em ambiente livre, capaz de causar queimaduras, dificilmente passaria pelas regulamentações necessárias para se tornar um item de mercado comum.

Alternativas Viáveis: O Zigle Iris (ou BSIG)

O mercado já apresenta alternativas mais sensatas e acessíveis, como um dispositivo com nome questionável, o **Zigle Iris** (ou **Bizig/BSIG**).

Este aparelho utiliza um laser comum, similar aos ponteiros de apresentação usados em universidades, mas com a capacidade de detectar um mosquito e **apontar** o laser sobre ele. O produto funciona como um localizador, indicando onde o inseto está, permitindo que o usuário o mate manualmente.

* **Vantagens:** Funciona bem em ambientes escuros, como quartos, e é eficaz para detectar mosquitos pequenos e difíceis de caçar.
* **Preço:** Cerca de $199, um valor muito mais baixo que o sistema de varredura automática.

Enquanto o dispositivo de abate automático via *crowdfunding* alcançou quase 9 milhões de dólares em financiamento, com previsão de entrega inicial para outubro e escala comercial para 2026, é provável que projetos complexos como esse enfrentem atrasos ou não entreguem o esperado, seguindo o padrão de outros produtos ambiciosos, como barbeadores a laser que prometiam ficção científica, mas falharam em precisão e praticidade.

O laser mata-mosquito automatizado, se vier a ser produzido, provavelmente só funcionará em ambientes desocupados.