A Versão Secreta do Google Chrome

Entendendo o Chrome for Testing: Uma Versão Diferente do Navegador

Você provavelmente já está familiarizado com as diferentes versões de lançamento do Google Chrome: a versão estável comum, e os canais mais avançados como Beta, Dev e Canary. Cada um desses canais está progressivamente à frente da versão estável.

Essas diferentes versões são, por vezes, chamadas de “sabores” do Chrome. No entanto, existe um sabor que se distingue consideravelmente dos demais: o Chrome for Testing.

Diferentemente dos canais de lançamento mencionados, o Chrome for Testing não é listado na página principal do Chrome junto com as outras versões. Neste artigo, vamos explorar o que ele é e quais são suas diferenças.

A Característica Principal: Ausência de Atualização Automática

O Chrome for Testing, que possui seu próprio ícone como as outras variantes, possui uma distinção fundamental: ele não atualiza automaticamente. Na verdade, ele não pode ser atualizado.

Esta não é uma versão que você instala de maneira convencional. Em vez disso, você baixa um arquivo compactado (zip) contendo a instalação diretamente e executa os binários. Existem downloads individuais para cada versão possível dos diferentes canais de lançamento, mas todas elas são versões “Chrome for Testing” desses *builds*.

A premissa por trás do Chrome for Testing é que essas versões devem ser o mais próximas possível da versão regular que um usuário usaria para aquele número de *build*. Embora existam algumas diferenças menores (que detalharemos adiante), o principal é a estabilidade do *build*.

Para que Serve o Chrome for Testing?

Você pode se perguntar qual é o propósito dessa versão, já que a única diferença efetiva parece ser a ausência de atualização automática. Como o nome sugere, o Chrome for Testing é destinado a propósitos de teste, principalmente para desenvolvedores e automação.

Debugging e Redução de Variáveis

Imagine que você é um desenvolvedor trabalhando em uma extensão, um *script* ou fazendo ajustes no seu website. Se você estiver enfrentando problemas e depurando, deseja ter o mínimo de variáveis possível. Se o Chrome começar a atualizar, isso pode alterar o comportamento do *bug*, dificultando a identificação da causa raiz.

Outro cenário é quando seu aplicativo para de funcionar após uma atualização do Chrome. Você pode querer verificar se é apenas uma coincidência ou se a nova versão do Chrome é a culpada. Com o Chrome for Testing, você pode baixar uma versão anterior que não se atualizará imediatamente, permitindo que você compare o comportamento “antes e depois”.

Automação Consistente

Um caso de uso importante é a automação. Se você possui outro programa ou *script* que automatiza o Chrome para executar tarefas, como rodar testes em seu próprio site, você não quer que esses testes mudem inesperadamente devido a uma atualização não planejada do Chrome. A ausência de mudanças automáticas garante que seus testes permaneçam consistentes e não sejam invalidados por novas versões do navegador.

Outras Diferenças Além da Atualização

Existem algumas outras diferenças notáveis, tanto no programa em si quanto nos elementos que o cercam.

Obtenção e Disponibilidade

Não há um botão grande de download direto escrito “Baixar Testing”. O objetivo é que você procure uma versão específica para usar. Existem diferentes *endpoints* de API onde você pode solicitar o *link* de download para uma versão específica.

Embora não haja um botão direto, existe um *dashboard* que lista pelo menos as versões mais recentes do Chrome for Testing para os diferentes canais de lançamento. Além disso, há uma página no GitHub que lista os *endpoints* brutos em formato JSON, permitindo que você veja todas as *builds* disponíveis e baixe qualquer uma especificamente. Normalmente, um *script* é utilizado para automatizar esse processo de obtenção.

Mudanças na Interface e Configuração

Ao executar o Chrome for Testing, algumas diferenças na interface são perceptíveis:

  • Banner Persistente: Há um *banner* permanente no topo que sempre exibe a mensagem: “Chrome for Testing é apenas para testes automatizados. Para navegação regular, use uma versão padrão do Chrome que atualiza automaticamente.” Isso é feito para desencorajar o uso como navegador principal.
  • Nome nas Configurações: No menu de configurações, no canto superior esquerdo, consta explicitamente “Chrome For Testing”, enquanto outras versões, como a Beta, mostram apenas “Chrome”.
  • Terminologia: Em algumas áreas, como a seção de *login* de perfil, aparece a nomenclatura “Chromium” em vez de “Chrome”.
  • Diretório de Usuário: Assim como as outras versões do Chrome, ele possui seu próprio diretório de usuário na pasta AppData (no Windows, pelo menos), nomeado como “Chrome For Testing”, enquanto os outros são “Chrome Beta”, “Dev”, etc.

Configurações de Flags

É possível que o Chrome for Testing tenha *flags* (configurações experimentais) ativadas ou desativadas por padrão de forma diferente. Foi observado que, mesmo rodando na mesma versão numérica do navegador estável, o Chrome for Testing exibia o novo menu de extensões, que normalmente requer ativação manual via *flag* na versão regular. Isso sugere que as configurações padrão de *flags* podem ser diferentes.

Existem relatos de que, para pelo menos um recurso experimental, essa funcionalidade está explicitamente desabilitada por padrão em certas instâncias do Chrome, sendo uma delas o Chrome for Testing.

No entanto, não há indicação de que o Chrome for Testing possua recursos exclusivos ou ocultos. Ele deve ter apenas configurações de *flags* ligeiramente diferentes, onde o valor padrão pode não corresponder ao da versão regular, mantendo o objetivo de ser o mais próximo possível do Chrome comum para aquela *build* específica.

Informações Adicionais

A página do GitHub mencionada lista todos os *endpoints*. Ao verificar a API de “Known Good Versions” (*Builds* Conhecidas e Boas), é possível ver versões de teste que datam desde a versão 113 de 2013 (embora o Chrome for Testing tenha sido lançado em 2023).

É interessante notar que essa lista não inclui apenas as grandes versões do Chrome, mas também cada versão de *patch* intermediária. Isso significa que há um registro detalhado de praticamente todas as *builds* que você possa precisar testar.

Se você se deparar com essa versão do Chrome, agora sabe o que ela é. Lembre-se de não usá-la como seu navegador principal, mas tenha em mente que ela é uma excelente opção para fins de automação e testes que exigem uma versão fixa do navegador.