A Estratégia da Samsung com Baterias: Esperando a Revolução do Estado Sólido
Uma questão tem rondado o mercado de tecnologia móvel: a aparente lentidão da Samsung em adotar as novas baterias de silício carbono, que já estão aparecendo em diversos aparelhos, especialmente os de marcas chinesas. Com a Samsung sendo uma das maiores vendedoras de smartphones globalmente, muitos se perguntam por que ela ainda se mantém firme nas baterias de íon de lítio, enquanto concorrentes como Xiaomi e Motorola já estão implementando células maiores (7.000 mAh e 6.000 mAh, respectivamente) em dispositivos de espessura padrão.
A resposta, no entanto, sugere que a gigante sul-coreana não está cochilando, mas sim guardando uma “carta na manga” muito mais impactante. A empresa parece estar focada em desenvolver uma tecnologia de bateria superior que, quando lançada, poderá abalar o mercado.
As Baterias Atuais: Íon de Lítio vs. Silício Carbono
Para entender a postura da Samsung, é crucial analisar as gerações de baterias disponíveis atualmente.
1. Bateria de Íon de Lítio (Atual Padrão]
Por muitos anos, a tecnologia de íon de lítio manteve-se estável, com capacidades frequentemente limitadas a 5.000 ou 5.300 mAh. A vida útil dessas baterias é de cerca de 3 anos, exigindo troca após esse período. Além disso, são baterias químicas que apresentam sensibilidade a variações extremas de temperatura e possuem riscos inerentes de segurança (como a possibilidade de ignição se perfuradas).
2. Bateria de Silício Carbono (A Nova Geração)
Esta tecnologia representa uma evolução onde o grafite presente no ânodo da bateria é substituído por silício carbono. Os benefícios são notáveis:
- Aumento de Carga: Oferece de 20% a 30% a mais de energia no mesmo espaço físico.
- Carregamento Mais Rápido: Pode proporcionar um carregamento em torno de 15% a 20% mais rápido.
- Design Aprimorado: Permite celulares mais finos e leves, ou baterias maiores mantendo a espessura atual.
- Durabilidade: A vida útil é estendida, com empresas garantindo que manterão entre 85% a 90% da capacidade após 3 anos de uso.
Apesar das vantagens, as baterias de silício carbono apresentam uma tendência maior de expansão a longo prazo, pois absorvem mais energia rapidamente. Embora não haja relatos graves de problemas generalizados até o momento, é uma tecnologia que ainda está sob observação industrial.
A Grande Aposta: Baterias de Estado Sólido
A Samsung optou por pular a fase intermediária do silício carbono para focar diretamente nas baterias de estado sólido, consideradas o “estado da arte” no desenvolvimento de baterias.
A principal diferença reside na substituição do eletrólito líquido por um eletrólito sólido. Isso elimina vários problemas de segurança das baterias atuais:
- Segurança Elevada: Praticamente não há risco de vazamento ou explosão, mesmo se perfurada.
- Densidade Energética Superior: Oferecem de 50% a 100% a mais de energia no mesmo espaço comparado à geração anterior de íon de lítio. Em comparação com o silício carbono, a bateria de estado sólido oferece um ganho maior. Uma célula de 5.000 mAh poderia, teoricamente, dobrar para 10.000 mAh no mesmo espaço.
- Degradação Mínima: A durabilidade é dramaticamente maior. Enquanto uma bateria de íon de lítio dura entre 1.000 a 2.000 ciclos (cerca de 5 a 8 anos, ou 3 anos para usuários intensos), e o silício carbono chega a 8 anos, a Samsung espera que a bateria de estado sólido atinja a equivalência de 15 a 20 anos de uso (entre 5.000 a 10.000 ciclos).
A estratégia da Samsung de aguardar é compreensível após os problemas de recall que enfrentou no passado com baterias de íon de lítio. A empresa prefere esperar para lançar uma tecnologia revolucionária de uma vez, em vez de adotar uma solução “intermediária” como o silício carbono, que logo seria superada.
Roadmap de Implementação da Samsung
Apesar da longa espera, a Samsung está trabalhando ativamente na implementação dessa tecnologia, que já é desenvolvida pela indústria automotiva. O cronograma especulado para a introdução gradual da bateria de estado sólido nos produtos móveis é o seguinte:
- 2025: Possível lançamento no Galaxy Ring 2 (um produto pequeno onde o aumento de durabilidade será um grande diferencial).
- 2026: Possível introdução no Galaxy Buds.
- 2027: Possível chegada ao Galaxy Watch.
- Smartphones: Espera-se que os smartphones recebam a tecnologia entre 2027 e 2028.
Há uma corrida contra o tempo, pois se a Samsung demorar demais (além de 2027/2028), poderá perder terreno para concorrentes que já terão seus dispositivos rodando com a tecnologia de silício carbono, que já é significativamente melhor que o lítio atual.
Quando a bateria de estado sólido chegar aos smartphones, ela permitirá, por exemplo, um dispositivo com espessura normal, mas com capacidade de 10.000 mAh, oferecendo dias de autonomia intensa sem recarga. Além disso, essa tecnologia representará uma “mina de ouro” para a Samsung, pois poderá ser vendida para toda a indústria.
Outras empresas como Toyota e Huawei também estão pesquisando baterias de estado sólido, mas a Samsung parece estar em uma fase mais avançada para a aplicação em produtos móveis. A indústria já está avançando rapidamente, com conceitos como o da Realme apresentando baterias de 15.000 mAh com silício carbono.
A expectativa é que a Samsung consiga equilibrar o desenvolvimento, entregando uma tecnologia com durabilidade estendida e segurança máxima, garantindo que o aparelho dure mais que a própria bateria.






