Teleoperei um robô humanoide feito para guerra | O futuro

Explorando o Phantom: Teleoperação e o Futuro da Robótica Humanóide

Em um cenário cada vez mais concorrido para a robótica humanóide, um projeto se destaca pela sua abordagem distinta: a robô Phantom, desenvolvida pela Foundation Industries. Uma das características notáveis da empresa é o seu foco no setor de defesa, que inclui a possibilidade, no futuro, de armar essa tecnologia.

Para entender melhor essa visão, foi realizada uma visita à Foundation em São Francisco, que proporcionou uma demonstração prática, incluindo a oportunidade de teleyoperar o robô e entrevistar o fundador da empresa, que imagina esse robô atuando desde campos de batalha até a exploração de Marte, passo a passo.

Design e Sensores: Menos é Mais

Robôs humanóides tipicamente possuem câmeras na cabeça, mas os Phantoms são equipados com visão de 360 graus. Embora outros robôs, como o Unitree G1, incorporem sistemas de visão LiDAR (que medem profundidade e distância com lasers), a filosofia da Foundation é reduzir a complexidade dos sensores.

Argumenta-se que o excesso de sensores pode, na verdade, gerar mais problemas. Por exemplo, se os dados do LiDAR entrarem em conflito com os dados da câmera, o robô pode ter dificuldade em determinar a realidade da situação. Portanto, o objetivo principal é reduzir o número de sensores e, consequentemente, o número de fios necessários.

As futuras iterações do Phantom terão esses fios ocultos, juntamente com outras atualizações.

Inovação nas Mãos

O Phantom utiliza luvas especiais que cobrem o design final de suas mãos, sobre as quais a equipe está trabalhando para desenvolver algo com ainda mais capacidades. No desenvolvimento de mãos robóticas perfeitas, a abordagem inspirada em tendões humanos tem se mostrado eficaz. Este design permite um controle mais refinado, uma maior variedade de movimentos e é menos volumoso, possibilitando ao robô pegar mais objetos da maneira que os humanos o fazem.

Em um contexto curioso, o Phantom está aprendendo a “jogar as mãos” em antecipação a um futuro confronto de boxe planejado entre os EUA e a China, sinalizando uma tendência global de competições esportivas robóticas, que já ocorrem em locais como a China.

O robô se destaca ainda por ter o dobro do *torque throughput* geral em relação a qualquer outro robô de seu tamanho no mercado.

Teleoperação: O Humano no Loop

Após observar o robô em ação, foi a vez de participar de uma demonstração prática utilizando um headset de Realidade Virtual (VR) para controlar o Phantom por teleoperação. Embora já houvesse experiência prévia no controle remoto de robôs, esta foi a primeira vez utilizando um headset VR.

Após a calibração do sistema, pontos de rastreamento apareceram nas mãos e dedos do operador. Um toque duplo dos dedos em um lado engatava a teleoperação, e um toque duplo no outro lado a desengatava. Foi notável que o robô se movia mais lentamente devido a controles de segurança que o limitavam. Em alguns momentos, o rastreamento das mãos se inverteu – a mão esquerda controlava a mão direita do robô e vice-versa –, exigindo uma pausa e recalibração.

A teleoperação é valiosa não só para coletar dados sobre a forma correta de executar tarefas, como lavar a louça, para que o robô aprenda a fazê-las autonomamente. Ela também serve como um importante meio de controle em si.

Existem cenários onde é crucial manter um humano no controle (*human in the loop*), sendo a defesa um excelente exemplo disso. À medida que se avança do trabalho de escritório robótico (inspeção, manutenção, reparo) para o trabalho ativo no campo de batalha, como a desativação de explosivos ou a limpeza de edifícios (muitas vezes em áreas com minas terrestres, como na Ucrânia), a intervenção humana é essencial. A baixa latência na teleoperação é fundamental nesses cenários, assim como nos casos em que o modelo de IA falha e um operador remoto precisa assumir o controle, de forma semelhante ao que ocorre com veículos autônomos.

O Futuro da Guerra e a Visão da Foundation

Atualmente, a Foundation trabalha com o Departamento de Defesa, principalmente em contratos focados em logística. Contudo, a visão do fundador se estende além:

> “Acreditamos que o futuro da guerra é com robôs entrando, eles andando, eles decidindo como andam, como identificam… e realizando um nível superior de pensamento se aquele é o alvo certo, a identificação correta, o curso de ação correto.”

As discussões atuais envolvem a implementação de “primeiro corpo”, que não exige armamento, como na desativação de minas. No entanto, também existem casos que exigem a presença robótica na linha de frente, armados com armas, colocando praticamente todas essas possibilidades em discussão.

Embora o campo de batalha e Marte sejam os objetivos finais para o Phantom, há muitos passos intermediários. Este foi o primeiro momento de o robô andar sob uma nova política de treinamento, que é constantemente aprimorada pela equipe para buscar uma caminhada mais natural, similar à humana.

Apesar de o Atlas da Boston Dynamics e o G1 da Unitree serem robôs mais estabelecidos (a Foundation foi fundada em 2024), a empresa acredita que a agilidade crescente dos humanóides continuará a moldar o futuro.

Impacto Econômico da Automação

Uma previsão comum entre os desenvolvedores de robôs humanóides é que, dentro de 20 a 30 anos, a maioria dos trabalhos manuais em fábricas e armazéns será realizada por robôs, devido à escassez de mão de obra.

Existem duas grandes possibilidades de impacto social:

1. **Expansão do Mercado:** A automação pode tornar bens e serviços hoje inacessíveis mais baratos e acessíveis, aumentando a demanda e, consequentemente, a necessidade de força de trabalho em outras áreas.
2. **Desemprego em Massa:** Se a automação não resultar em expansão de mercado, um cenário preocupante é um alto índice de desemprego (como 51%, citado), o que levaria à necessidade de uma Renda Básica Universal (RBU). Embora melhor que o desemprego total, a RBU concentraria muito poder nas mãos do governo (controle sobre comida, saúde, moradia e transporte), o que historicamente tem levado a instabilidade social e revoltas. Espera-se, no entanto, que haja um “mecanismo de reinicialização” social antes que esse ponto extremo seja atingido.

Perguntas Frequentes

  • Como o Phantom difere de outros robôs humanóides em termos de sensores?
    O Phantom foca na redução do número de sensores, acreditando que excesso de dados conflitantes (como entre câmeras e LiDAR) cria mais problemas do que soluções, diferentemente de robôs que incorporam múltiplas tecnologias de sensoriamento.
  • Qual é o propósito da teleoperação com VR no desenvolvimento do Phantom?
    A teleoperação com VR serve para duas funções principais: coletar dados precisos sobre a execução de tarefas para o aprendizado autônomo futuro, e como um método de controle essencial em situações críticas onde um humano deve permanecer no comando.
  • Por que a Foundation Industries foca no setor de defesa?
    O foco no setor de defesa se justifica pela necessidade de controle humano em tarefas de alto risco, como operações em campo de batalha, onde a baixa latência da teleoperação é vital para garantir decisões seguras.
  • Qual é a principal inovação no design das mãos do Phantom?
    O design das mãos é inspirado em tendões humanos, o que permite um controle mais fino, maior versatilidade de movimentos e um perfil menos volumoso para manipulação de objetos.
  • É possível que a robótica humanóide cause desemprego em massa?
    Existe o risco, dependendo se a automação expandirá o mercado de bens e serviços ou se levará a uma redução drástica na necessidade de mão de obra humana, forçando possíveis soluções como a Renda Básica Universal.

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