O aplicativo do WhatsApp vai deixar de existir no Windows: e agora?

O Fim do WhatsApp para Windows Como o Conhecemos: A Transição para Web Wrapper

O aplicativo do WhatsApp para Windows está prestes a mudar drasticamente, o que pode fazer com que a experiência que conhecemos até agora chegue ao fim. Não se trata de um boato ou clickbait, mas sim de uma grande transformação na forma como o aplicativo é estruturado para o sistema operacional.

A mudança envolve o que pode ser chamado de um “envelopamento” do site, transformando o aplicativo em um *web wrapper*, essencialmente encapsulando a versão web em formato de aplicativo. Essa notícia gerou bastante insatisfação, especialmente considerando o quanto o aplicativo atual é bem otimizado.

A Febre dos Aplicativos e a Digitalização

Para entender melhor o impacto dessa mudança, é útil contextualizar a atual “febre de aplicativos”. Hoje em dia, parece que tudo precisa ter um aplicativo dedicado, desde eletrodomésticos como geladeiras e máquinas de lavar até serviços que funcionariam perfeitamente bem em um site. Essa tendência é impulsionada pela crescente digitalização e pelo fato de as pessoas estarem conectadas ao celular o tempo todo.

Em contraste com o passado, quando ter um plano de celular com internet era um luxo caro, hoje a conectividade é constante, exigindo que os serviços digitais estejam acessíveis de forma prática.

O WhatsApp Nativo: Uma Experiência Otimizada

Até agora, o aplicativo do WhatsApp para Windows era construído usando a tecnologia **UWP (Universal Windows Platform)**. Isso significa que ele era desenvolvido especificamente para o sistema operacional Windows, resultando em:

* Uma aplicação mais leve.
* Uma experiência mais fluida e tranquila.
* Menor latência e tempo de resposta rápido.

Essa versão nativa representou um avanço em relação ao início, quando o WhatsApp para Windows também era um *web wrapper*.

A Volta ao Web Wrapper: Webview 2 e Electron

A novidade, descoberta através do último beta, é que o WhatsApp deixará de ser um aplicativo nativo e retornará a ser um *web wrapper*, utilizando uma tecnologia que se assemelha ao **Webview 2**.

Ao falarmos de tecnologias como **Electron** ou **Webview 2**, estamos lidando com plataformas que permitem criar aplicativos de desktop usando tecnologias web (como HTML, CSS e JavaScript) e que empacotam um navegador inteiro junto com o aplicativo.

Implicações da Tecnologia Web Wrapper

Quando um aplicativo usa essas tecnologias, ele instala um motor de navegador independente no sistema, diferente dos navegadores que você já possui (Chrome, Edge, Firefox).

A grande diferença entre o nativo e o *web wrapper* reside no desempenho e consumo de recursos:

* **Consumo de Recursos:** Aplicativos baseados em *web wrapper* tendem a consumir significativamente mais memória RAM. Estimativas sugerem um aumento de uso de RAM de cerca de **30%** apenas pela mudança de tecnologia.
* **Experiência do Usuário:** A experiência passa a ser objetivamente pior. Você notará engasgos, uso excessivo de memória RAM em segundo plano e interfaces menos responsivas.
* **Processos em Segundo Plano:** Vários processos ficam rodando, sobrecarregando o processador e consumindo mais espaço de armazenamento.

Exemplos de outros aplicativos que utilizam essa abordagem incluem Spotify, Discord, Slack e Asana. Embora essas ferramentas funcionem, a experiência de rodar múltiplas delas, cada uma com seu próprio navegador oculto, pode deixar o computador lento.

O Custo da Economia Corporativa

Essa regressão técnica é motivada principalmente pela **economia de custos** por parte da empresa desenvolvedora. Criar aplicativos nativos para cada plataforma (Windows, Mac, Android) exige equipes especializadas e gera custos de desenvolvimento e manutenção mais altos.

Ao optar por uma base de código única (*web wrapper*), a empresa economiza valores substanciais (estimativas variam entre R$ 50.000 a R$ 250.000 por operação), mas esse custo é repassado indiretamente para o usuário final.

Para empresas pequenas que lutam financeiramente, essa economia pode ser compreensível. No entanto, para uma corporação com recursos bilionários, sacrificar a experiência do usuário por otimização de custos é visto como uma decisão ruim, pois obriga o usuário a ter hardware cada vez mais potente (mais RAM, melhor processador, placa de vídeo superior) apenas para rodar um aplicativo que antes era leve e otimizado.

A mudança significa que o WhatsApp para Windows deixará de ser um aplicativo feito sob medida para a máquina, voltando a ser um navegador disfarçado, o que traz mais prejuízos do que benefícios para o usuário final.

Perguntas Frequentes

  • O que é um “web wrapper” no contexto de aplicativos?
    É uma tecnologia que empacota a versão web de um serviço dentro de um executável de desktop, essencialmente executando um navegador embutido para exibir o conteúdo do site.
  • Qual a principal diferença entre um aplicativo nativo e um web wrapper?
    O aplicativo nativo é feito especificamente para o sistema operacional, sendo mais leve e otimizado. O web wrapper usa tecnologias web e um navegador embutido, o que geralmente resulta em maior consumo de memória RAM e recursos do sistema.
  • Por que as empresas optam por usar a tecnologia web wrapper?
    A principal razão é a economia de custos. Usar uma base de código única para todas as plataformas (Windows, Mac, etc.) reduz a necessidade de equipes especializadas e simplifica a manutenção.
  • É possível notar a diferença de desempenho entre as duas versões?
    Sim. Aplicativos nativos geralmente oferecem melhor desempenho, menor latência e menor uso de memória RAM em comparação com suas versões baseadas em web wrapper.
  • Como essa mudança afeta o hardware do usuário?
    A mudança pode exigir que usuários com máquinas mais modestas (ex: 8GB de RAM) precisem considerar upgrades de hardware para manter uma experiência aceitável, visto o aumento no consumo de recursos.