Anvisa Proíbe Anéis Que Prometem Medir Glicose: Entenda a Notícia
Recentemente, circulou uma notícia oficial sobre a proibição de anéis inteligentes que alegam medir os níveis de glicose. Essa informação, confirmada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em fontes governamentais, gerou bastante alvoroço. É importante esclarecer o que realmente aconteceu e quais produtos estão envolvidos.
Galaxy Ring, Aura Ring e a Venda no Brasil
É fundamental notar que o Galaxy Ring, por exemplo, não foi proibido e segue disponível para venda. Outros dispositivos, como o Aura Ring, não estão à venda oficialmente no Brasil.
No cenário atual, o Galaxy Ring é o único anel inteligente com venda oficial no país. Outros modelos podem ser encontrados através de importadores ou marcas alternativas, muitas vezes com preços inflacionados em lojas não oficiais. Essa situação é comparável à forma como alguns produtos de tecnologia são vendidos no Brasil, onde a disponibilidade oficial é limitada.
O Foco da Proibição: Medição de Glicose
A proibição da Anvisa refere-se especificamente aos anéis que afirmam medir a glicose, ou seja, que prometem ajudar a monitorar diabetes sem a necessidade de picar o dedo ou usar equipamentos invasivos.
Embora glicemia e glicose sejam termos relacionados, a tecnologia atual dos dispositivos vestíveis, como anéis e relógios, não suporta a medição precisa de glicose de forma não invasiva, como é prometido por esses produtos.
Como Funciona a Tecnologia de Medição em Dispositivos Vestíveis
Os relógios e anéis inteligentes que funcionam corretamente utilizam a mesma tecnologia básica. A diferença principal é a localização da medição: no pulso (relógio) ou no dedo (anel).
Ao remover um relógio ou um anel, é possível notar luzes traseiras. Essa tecnologia é chamada de fotopletismografia. Ela funciona medindo o contraste do sangue que passa, sendo eficaz para monitorar:
* Batimentos cardíacos;
* Oxigênio no sangue (oximetria de pulso).
Enquanto o anel possui essa tecnologia de luzes miniaturizada, ele não tem tela para exibir os dados, o que é uma limitação em comparação com os relógios.
Por Que a Medição de Glicose Não é Confiável com Luzes
A medição da glicemia (glicose) através da luz, como os anéis proibidos prometem, é altamente suscetível a interferências.
A luz, ao ser emitida, ilumina não apenas o sangue, mas tudo ao redor: a pele, o tecido subcutâneo, e outros fluídos e moléculas. O corpo humano possui diferentes componentes em locais distintos (pele, cérebro, sangue), e nem todo medicamento ou substância que entra no corpo atinge o sangue de maneira uniforme ou está disponível para medição imediata.
Para obter uma leitura precisa da glicose, os métodos atuais exigem:
1. **Extração de Sangue:** Retirar uma gota de sangue para que o equipamento veja *apenas* o que é necessário (a glicose).
2. **Fluido Intersticial:** Utilizar equipamentos que entram em contato com o fluido intersticial (o líquido que fica entre as células), o que permite uma medição mais próxima da realidade do que a luz que apenas atravessa a pele.
Quando um dispositivo apenas “pisca uma luzinha”, ele não tem contato com o suor, o sangue ou o fluido intersticial, impossibilitando uma medição precisa da glicose.
O Truque dos Equipamentos Não Certificados
Muitos dispositivos não certificados que afirmam medir glicose simplesmente “chutam” um valor que parece plausível para a maioria das pessoas não diabéticas, que geralmente têm níveis entre 100 e 200. Ao apresentar um número dentro dessa faixa, eles conseguem enganar o usuário, que considera a leitura correta por parecer viável.
Dispositivos confiáveis, como os utilizados em hospitais (oxímetros de pulso, que usam luzes piscantes para medir oxigenação e batimentos), são focados apenas nessas medições validadas cientificamente.
Anéis Certificados e a Realidade
Anéis como o Galaxy Ring ou o Aura Ring, que são desenvolvidos por grandes fabricantes, focam em medições cientificamente válidas, como oximetria e frequência cardíaca. **Nenhum anel inteligente atualmente no mercado propõe medir glicemia de forma autônoma.**
Se você vir um relato de que um Apple Watch ou um Garmin mede glicemia, isso ocorre porque esses dispositivos estão pareados com um equipamento externo (geralmente um sensor inserido no braço, que custa caro) que faz a medição real, e o relógio apenas exibe os dados recebidos via Bluetooth.
Portanto, é crucial ter cuidado e não se deixar enganar por promessas de medição de glicose através de anéis que utilizam apenas luzes piscantes.
Perguntas Frequentes
- O que a Anvisa proibiu especificamente?
A Anvisa proibiu a comercialização de anéis inteligentes que prometem medir a glicose de forma não invasiva, pois a tecnologia utilizada nesses dispositivos não é validada para essa medição específica. - Qual a diferença entre medir batimentos cardíacos e glicemia com luz?
A luz infravermelha é eficaz para medir batimentos cardíacos e oxigênio no sangue (oximetria) ao analisar o fluxo sanguíneo. Para medir glicose, é necessário identificar moléculas específicas, o que gera muito ruído com essa técnica, exigindo métodos mais invasivos ou contato direto com o fluido intersticial. - É possível que um anel exiba um número de glicose que parece correto?
Sim, equipamentos não certificados podem “chutar” um valor aleatório dentro da faixa considerada normal (ex: 100 a 200), fazendo o usuário acreditar que a medição é precisa, embora não seja baseada em dados reais de glicemia. - Quais são os métodos confiáveis para monitorar glicemia sem furar o dedo?
Os métodos confiáveis que envolvem dispositivos vestíveis geralmente exigem o uso de sensores mais intrusivos que medem o fluido intersticial, ou o pareamento com um equipamento que coleta o dado de forma invasiva e o transmite para o relógio ou celular. - Quais marcas grandes de tecnologia medem glicemia?
Até o momento, grandes fabricantes de tecnologia, como a Samsung e a Apple, não anunciaram recursos de medição de glicemia diretamente em seus anéis ou relógios sem o auxílio de sensores externos específicos para essa finalidade.






