Coisas que Perdemos nos Smartphones e que Não Lembramos Mais
Vivemos em uma era de constante evolução tecnológica, onde a cada novo modelo de smartphone, recursos que antes eram padrão acabam sendo esquecidos ou removidos. Este artigo explora uma lista de funcionalidades e componentes que desapareceram dos celulares atuais, mas que, em sua época, eram importantes para a experiência do usuário.
1. Entrada de Fone de Ouvido P2 (3.5mm)
Um dos itens mais notáveis que sumiram é a tradicional entrada P2 (ou 3.5mm) para fones de ouvido com fio.
Embora o USB-C tenha se tornado o padrão universal para carregamento e áudio em muitos aparelhos Android, e até mesmo chegado ao iPhone 15, a remoção da porta P2 eliminou uma opção de uso. O argumento é que o USB-C permite o uso de fones com fio enquanto o dispositivo carrega, mas a questão principal é a perda da versatilidade de usar os fones tradicionais sem depender de adaptadores ou da porta de carregamento principal.
Para os entusiastas de áudio, a porta P2 permitia o uso direto de DACs (Digital-to-Analog Converters) e pré-amplificadores externos, algo que muitos defendem ser essencial para uma qualidade de áudio superior, mesmo que muitos smartphones atuais não oferecessem um DAC interno de alta qualidade. O espaço físico ocupado por essa entrada na parte inferior do aparelho não era, na visão de muitos, um grande obstáculo ao design geral.
2. Teclados Físicos QWERTY
No passado, especialmente com o sucesso de marcas como BlackBerry, teclados físicos QWERTY eram um diferencial importante, facilitando a digitação rápida de e-mails e mensagens de texto (SMS/MSN).
Embora fabricantes como Motorola, Samsung e até a própria BlackBerry investissem em modelos com teclados físicos integrados, a evolução para telas maiores e a ascensão dos teclados virtuais tornaram esses componentes obsoletos para a maioria dos consumidores. O benefício de um dispositivo mais fino e com uma tela de visualização ampliada superou a conveniência do teclado físico.
Ainda assim, existem acessórios, como capas que trazem teclados físicos de volta, que demonstram que a opção ainda agrada a uma parcela de usuários. O teclado virtual, apesar de prático, tem desvantagens notáveis, como a compactação da interface de aplicativos e a necessidade de fechar o teclado para interagir com elementos que ficam na parte inferior da tela.
3. LED de Notificação
O LED de notificação é um recurso que gera bastante saudade. Ele permitia verificar visualmente se havia novas mensagens, chamadas ou alertas sem precisar ligar a tela do aparelho.
Atualmente, essa função foi amplamente substituída pelo recurso Always On Display (AOD), que mostra a hora e notificações na tela inativa. No entanto, o LED é defendido como uma solução de baixo consumo energético, pois é apenas um pequeno ponto de luz que indica atividade, enquanto o AOD exige a ativação de uma seção maior da tela.
A inconsistência na implementação (cores variadas, múltiplos LEDs) fez com que o recurso morresse no Android, embora ele ainda seja valorizado a ponto de alguns dispositivos modernos, como o Nothing Phone, terem implementado sistemas de iluminação traseira como alternativa.
4. Sensor Infravermelho (IR Blaster)
O sensor de infravermelho era amplamente utilizado para transferir arquivos rapidamente entre dispositivos (antes da popularização do Bluetooth) e, principalmente, para funcionar como controle remoto.
Na transferência de arquivos, ele era ineficiente, exigindo que os sensores ficassem alinhados e perdendo a sincronia facilmente. Contudo, sua função como controle remoto foi muito aproveitada. Marcas como a Xiaomi mantiveram a funcionalidade, permitindo controlar TVs, ar-condicionado, portões de garagem e ventiladores. A Samsung, por outro lado, removeu este sensor de seus aparelhos, uma mudança que, para alguns, representa uma perda significativa de funcionalidade integrada.
5. Sintonizadores de TV Digital
A capacidade de sintonizar TV digital (padrão ISDB-T, ou “One Seg” no Japão) era um recurso interessante em alguns aparelhos, como o Samsung V820L. Em países grandes como o Brasil, a qualidade do sinal era complexa devido às variações geográficas.
Embora fosse um recurso que exigia um módulo externo (ou um acessório via Bluetooth, como visto em um modelo antigo da Nokia), a TV digital em celulares se tornou um nicho, sendo substituída pela capacidade de acessar o conteúdo online e o uso de dongles externos.
6. Flash Xenon
Os antigos celulares com câmeras mais avançadas utilizavam flash Xenon, similar aos de câmeras digitais tradicionais. Este tipo de flash oferecia um pico de luz muito forte, ideal para fotos instantâneas no escuro.
Em contraste, os flashes LED atuais são mais eficientes em termos de energia e podem ser usados como luz de preenchimento contínuo para vídeos. O flash Xenon só conseguia dar um rápido disparo de luz, consumindo muita bateria e carregando energia em um capacitor. A praticidade do LED para vídeo e a miniaturização de flashes LED eficientes levaram ao desaparecimento do Xenon.
7. Rádio FM (Sintonização Analógica)
O rádio FM, que funciona de forma analógica e, portanto, independente de conexão de dados, é um recurso crucial em situações de emergência quando a internet falha.
Apesar de haver um movimento, inclusive na União Europeia, para tornar o rádio FM obrigatório em celulares por razões de emergência, a maioria dos fabricantes abandonou a funcionalidade. Muitos modelos antigos exigiam o fone de ouvido plugado para funcionar como antena, o que era uma solução imperfeita.
8. Cartão MicroSD
A remoção do slot para cartão MicroSD é vista por muitos como um erro artificial, uma vez que o armazenamento externo é vital para quem lida com arquivos grandes, como vídeos em alta resolução (8K).
Muitas fabricantes oferecem modelos topo de linha sem o slot e versões intermediárias ou mais baratas do mesmo aparelho com suporte a MicroSD, o que sugere que a exclusão do recurso nos modelos premium é uma decisão de mercado, e não técnica. Câmeras profissionais, como as GoPro, continuam dependendo exclusivamente do MicroSD, evidenciando a necessidade que permanece para dispositivos que geram muitos dados.
9. Botões Físicos de Navegação
Tanto no Android quanto no iOS (com a remoção do botão Home físico pela Apple para dar lugar ao Face ID), os botões físicos de navegação (Voltar, Home, Multitarefa) foram gradualmente substituídos por gestos ou botões virtuais na tela.
Embora os botões físicos fossem um ponto de falha mecânica em alguns casos, eles ofereciam feedback tátil e eram rápidos de usar por memória muscular. O fato de a própria Apple ter reintroduzido um botão físico dedicado para a câmera nos modelos mais recentes, e o Android manter o botão “Voltar” como um elemento crucial da interface virtual, sugere que a funcionalidade física era, e talvez ainda seja, muito útil.
10. Fones de Ouvido Originais na Caixa
Antigamente, era comum que smartphones viessem acompanhados de fones de ouvido de boa qualidade (como os Sony Ericsson originais ou AKG com Samsung). Hoje, a prática de remover os fones da caixa, iniciada como uma medida de sustentabilidade ambiental, tornou-se uma forma de reduzir custos. Quase todos os fabricantes seguiram essa tendência, tornando raro encontrar um celular novo que inclua fones de ouvido na embalagem.
11. Baterias Removíveis
A tendência de se livrar das baterias removíveis começou com a Apple e rapidamente se disseminou, impulsionada pela necessidade de vedar os aparelhos contra água e poeira e pela busca por designs mais finos.
É notável que algumas linhas de celulares voltadas para uso corporativo ou externo (como certas séries da Samsung para *outdoor*) ainda oferecem baterias removíveis e resistência à água, provando que a tecnologia é totalmente viável. A remoção, na maioria dos casos, parece ser resultado de práticas “anti-reparo” e uma decisão de padronização de mercado que visa, em parte, o custo de produção e venda de peças de reposição.
12. Alarmes com Celular Desligado
Um dos aspectos mais decepcionantes é a perda da função de alarme quando o celular está completamente desligado. A explicação reside no fato de que, com a modernização dos chipsets, o controlador do relógio (que gerencia o tempo e o alarme) foi integrado ao processador principal (SoC).
Isso significa que o processador precisa estar ligado, mesmo que em um estado de baixa energia, para que o alarme funcione. A solução adotada por alguns fabricantes, como a Samsung, foi manter o celular em um modo de “semi-desligado” (onde ele carrega e mostra animações), mas o despertar completo para acionar o alarme não é mais garantido em todos os modelos quando o sistema está totalmente encerrado.
Perguntas Frequentes
- O que causou a remoção do jack P2 nos smartphones?
A principal razão foi a busca por design mais fino, resistência à água e a padronização em torno da porta USB-C para áudio e carregamento. - Por que os fabricantes pararam de incluir carregadores na caixa?
A remoção foi promovida por questões ambientais e de redução de custos, embora muitos argumentem que é uma prática que ignora a necessidade do consumidor, especialmente ao vender dispositivos de alto custo. - É possível ter um celular topo de linha com bateria removível hoje?
Sim, embora seja raro no mercado de consumo geral, algumas linhas especializadas de fabricantes ainda oferecem celulares robustos com baterias removíveis. - Qual a principal vantagem dos teclados físicos QWERTY que foi perdida?
A principal vantagem era a velocidade e a precisão de digitação física, eliminando a necessidade de alternar entre letras e números no teclado virtual. - Por que o sensor infravermelho era útil em alguns contextos?
Era fundamentalmente útil como um controle remoto universal para controlar diversos aparelhos domésticos, como TVs e ar-condicionados.






