Análise Inicial do Samsung Galaxy Trifold: Esperanças e Decepções
O **Samsung Galaxy Trifold** foi oficialmente anunciado, e com ele, surgem as primeiras impressões sobre esta nova e ambiciosa aposta da Samsung no mercado de dispositivos dobráveis. Após analisar as primeiras informações, é evidente que a empresa tomou caminhos que surpreenderam, tanto positiva quanto negativamente.
O que mais chamou a atenção, logo de imediato, foi a que parece ser uma das piores escolhas de bateria já vistas em um aparelho deste porte. Considerando que o Trifold funciona como um tablet quando totalmente aberto, a capacidade energética oferecida está consideravelmente abaixo da concorrência no segmento de tablets e até mesmo abaixo do esperado para um telefone que se desdobra em tela grande.
Apesar de reconhecer o lançamento, é impossível não refletir sobre as inúmeras decisões de design e engenharia que poderiam ter sido diferentes.
Comparativo com a Concorrência: A Questão do Formato
É importante notar que a Samsung não está copiando o conceito de um dispositivo tri-dobrável. O **Huawei Mate XT (o Trifold da Huawei)** já existe há algum tempo no mercado. A principal diferença reside no design e na proteção da tela.
Enquanto o aparelho da Huawei opta por manter a tela “mole” dobrável exposta para fora, o que exige o uso de capas protetoras ou muita cautela para evitar riscos e amassados, a Samsung seguiu o caminho que os rumores indicavam: fechar a tela dobrável para dentro, utilizando o corpo do aparelho como proteção. A tela externa, neste caso, é mais robusta, permitindo que o usuário a use sem tanto receio de quedas ou arranhões com chaves no bolso.
No entanto, a Samsung introduziu uma limitação no uso do Trifold que o difere do modelo da Huawei:
* O **Huawei Mate XT**, ao ser desdobrado, oferece três tamanhos funcionais: o tamanho de um celular comum, o tamanho de um Galaxy Fold e o tamanho de um tablet.
* O **Samsung Galaxy Trifold**, por outro lado, opera apenas em dois modos principais: pequeno (fechado) e grande (totalmente aberto). Ele não possui um estágio intermediário funcional no software atual ou com a mecânica presente, exigindo que a segunda e terceira telas sejam abertas simultaneamente para operar plenamente.
Design e Tecnologia de Ponta
A Samsung aparentemente aplicou os aprendizados dos modelos anteriores, como o Galaxy Edge (super fino) e o Z Fold 7 (também muito fino), na construção do Trifold. O design sugere que a dobradiça e a espessura do aparelho foram repensadas, culminando neste formato de três partes.
A melhoria notável reside na área de câmeras. A empresa demonstrou uma maturidade fotográfica impressionante com o S24 e S25 Ultra, conseguindo aumentar a qualidade fotográfica sem necessariamente aumentar o tamanho do sensor. O Trifold e o Fold 7 parecem herdar essa evolução, mantendo corpos finos e, ainda assim, oferecendo boa resistência.
O processador **Snapdragon 8 Elite de 3 nanômetros** presente no Trifold é excelente, um dos melhores disponíveis, demonstrando uma velocidade notável em tarefas pesadas como compressão de arquivos (usando WinRAR ou similar no Android) e codificação de vídeos, superando até mesmo o desempenho de alguns computadores gamer em certas aplicações.
No entanto, toda essa capacidade de processamento exige energia, e é aqui que a bateria de 5.600 mAh (ou 5.600.000 mAh, como mencionado) se torna o ponto de maior crítica, especialmente quando comparada ao Tab S10 FE, um tablet menor com 8.000 mAh.
A Questão da Bateria e Preço
A padronização em baterias maiores, como 6.000 mAh em alguns concorrentes ou até 7.000 mAh em outras marcas, torna os 5.600 mAh do Trifold alarmantes para um dispositivo com três telas grandes. A alegação é que a tela é o componente que mais consome energia e dissipa calor. Além disso, a câmera, ao ser usada, mantém a tela principal acesa como *viewfinder*, drenando ainda mais a carga.
Sobre o preço, embora ainda não haja um valor oficial para o Brasil, a estimativa é alta, considerando que o Galaxy Z Fold 7 custa cerca de R$ 10.000. O Trifold, com sua complexidade adicional, pode facilmente ultrapassar os **R$ 20.000** no mercado brasileiro.
Primeira Geração Beta?
A ausência do suporte à caneta S Pen no Trifold, algo presente no Galaxy Z Fold comum, sugere que esta primeira versão é, essencialmente, um produto “beta” ou de teste. Pagar um preço premium por um dispositivo que se propõe a ser de produtividade, mas que carece de um recurso fundamental como a S Pen, faz com que o aparelho pareça incompleto.
Apesar das falhas evidentes, o lançamento é crucial. É a única opção com lançamento global para quem deseja um dispositivo tri-dobrável neste momento.
Comparações Fotográficas e Físicas
Ao comparar o Trifold com o Galaxy S25 Edge (considerando-o como um dispositivo “normal” da Samsung para fins de comparação):
| Característica | Galaxy S25 Edge (Hip.) | Galaxy Trifold |
| :— | :— | :— |
| Câmera Principal | 200 MP (Abertura 1.7) | 200 MP (Abertura 1.7) |
| Câmera de Zoom | Presente | Presente |
| Câmera Ultra Wide | Ausente | Presente |
| Bateria (Estimada) | 3.900 mAh (Arredondado para 4.000) | 5.600 mAh |
Embora o Trifold tenha uma bateria maior e mais lentes, o Edge, por ter um corpo único e menor, carrega uma capacidade energética significativa em um formato mais compacto. O espaço interno do Trifold, consumido pelo mecanismo de tripla dobradiça, claramente limitou o aumento de bateria.
O peso do Trifold é de **309 gramas**, o que o torna mais pesado que um pacote médio de mortadela, reforçando a crítica sobre a baixa capacidade energética para seu tamanho e peso.
O Contexto do Mercado Global
É importante frisar que a Samsung é uma das poucas marcas que consistentemente traz dispositivos dobráveis para fora do circuito asiático. Enquanto no mercado asiático existem modelos mais avançados tecnologicamente (como o **OnePlus Open**), estes muitas vezes não estão disponíveis globalmente. A Samsung garante que o consumidor ocidental tenha, pelo menos, *uma* opção de tecnologia tri-dobrável.
O lançamento do Trifold, mesmo com suas falhas, é um passo necessário para a evolução da categoria, forçando o mercado a avançar, mesmo que neste momento signifique pagar um preço alto por uma tecnologia ainda incompleta.
Perguntas Frequentes
- O que define a classificação IP48 em um dobrável?
A classificação IP48 indica que o aparelho é resistente à imersão limitada em água (o “4” indica proteção contra jatos d’água), mas não é totalmente à prova de poeira (o “8” indica proteção contra poeira ou sujeira fina, mas o “4” em poeira é limitante para dobráveis, que não devem ter contato com areia ou poeira fina). - Qual a principal diferença de usabilidade entre o Trifold e o Mate XT da Huawei?
O Mate XT da Huawei oferece três tamanhos de tela utilizáveis ao desdobrar, enquanto o Samsung Trifold só opera efetivamente nos modos totalmente fechado ou totalmente aberto, sem um estágio intermediário de software configurado. - Por que a bateria do Trifold é considerada insuficiente?
A bateria de 5.600 mAh é considerada insuficiente porque o dispositivo possui três telas grandes, um processador potente e tecnologias 5G ativas, consumindo muita energia, o que a coloca abaixo dos padrões atuais para tablets e até mesmo em desvantagem comparada aos modelos Ultra anteriores da própria Samsung. - É possível usar a S Pen no Samsung Galaxy Trifold?
Não, a primeira geração do Trifold não possui suporte para a caneta S Pen, diferentemente do Galaxy Z Fold comum. - Qual o impacto do processador Snapdragon 8 Elite no consumo de energia?
Embora o Snapdragon 8 Elite seja extremamente rápido e eficiente em processamento pesado, a demanda de energia gerada pela tela gigantesca e por recursos como o *viewfinder* da câmera ativa anula os ganhos de eficiência em termos de autonomia geral da bateria.






