Análise Detalhada do Nothing Headphone One
Os primeiros fones de ouvido da Nothing, o Nothing Headphone One, chegaram com expectativas e um *hype* consideráveis. Após semanas de testes, chegou o momento de responder às perguntas mais importantes: o som é tão luxuoso quanto o visual? São confortáveis para longas horas de uso? E, crucialmente, eles superam concorrentes como os XM5s?
Experiência de Unboxing e Design
A experiência de *unboxing* é muito boa. Os fones vêm em um estojo preto, acompanhados de cabos USB-C para USB-C e um cabo de 3.5 mm. Os comprimentos dos cabos são adequados, embora o cabo principal não seja transparente, o que foi uma pequena decepção em relação ao esperado.
Após usar o estojo por uma semana, foi notado que os cabos tendem a ficar soltos dentro dele ao transportá-lo, algo com o qual não se estava acostumado. Seria desejável um bolso magnético, semelhante ao que a Sony oferece, para manter os cabos organizados.
Em relação ao design dos fones, eles são visualmente únicos. Inicialmente, as imagens vazadas causaram confusão e muitas pessoas não aprovaram o visual. No entanto, ao segurar o produto em mãos, a qualidade de construção, os pequenos detalhes no *design*, nos controles de reprodução e em todos os aspectos impressionam. Não foi “amor à primeira vista”, mas o design acabou cativando, assim como certas músicas que demoram um pouco para agradar.
Enquanto a maioria dos fones de ouvido se parece com um modelo padrão, o Nothing Headphone One se destaca com um design retangular transparente. Ao usá-los em público, a atenção é imediata, gerando olhares curiosos, o que levou a retornos rápidos ao ambiente interno por causa do constrangimento. O design é subjetivo: algumas pessoas no escritório adoraram o visual retrô e transparente, enquanto outras o consideraram muito chamativo e desagradável.
O aspecto mais apreciado no *design* é a possibilidade de visualizar as câmaras acústicas internas. Embora esta transparência lembre fitas cassete antigas, ela reflete o conceito do *power bank* transparente ainda não lançado da Nothing. É importante notar que essa parte transparente é feita de plástico e é propensa a arranhões, embora tenha se mantido bem até o momento.
Há indicadores de lado esquerdo e direito. O lado direito exibe a marca “Nothing Headphone One” com um ponto vermelho, e o lado esquerdo traz a marcação “Sound by KEF”.
Ao colocar os fones, os braços podem ser ajustados de forma muito suave, sendo notavelmente mais fluidos que os XM5s. Contudo, eles não são dobráveis; o teste foi feito, mas não é possível dobrá-los.
O peso é de 329 g, um pouco pesado, principalmente porque toda a estrutura central é feita de alumínio. Esse peso pode causar algum desconforto após longas horas de uso. Eles possuem classificação IP52, o que os torna adequados para levar à academia, pois não caem facilmente. Uma observação de conforto é que a parte metálica toca a pele e sempre parece muito fria.
Sobre as almofadas auriculares, a Nothing fornece *ear cups* de PU memory foam, que são macias e cobrem bem as orelhas. No entanto, as almofadas do Sony são preferidas por cobrirem uma área maior, e o apoio de cabeça também é ligeiramente superior no modelo concorrente. O selamento é muito mais firme nos XM5, o que faz uma grande diferença no cancelamento passivo de ruído, nos graves e no ANC, que será abordado a seguir.
Controles Físicos: Um Destaque
Os controles físicos são, sem dúvida, os melhores já vistos em um fone de ouvido. Existem três botões no total, todos localizados no lado direito.
1. Botão de Clique Simples: Pode ser personalizado para diversas funções. Por padrão, ele ativa o Channel Hop.
* Como funciona: Enquanto você escuta música no Spotify ou Apple Music, ao pressionar este botão, a música é adicionada a uma lista específica no aplicativo Nothing X, permitindo que o fone toque as músicas dessas duas plataformas em sequência, sem a necessidade de alternar manualmente entre os aplicativos. Atualmente, este recurso suporta apenas esses dois aplicativos e funciona exclusivamente com o Nothing Phone. Alternativamente, este botão pode ser configurado para o assistente de voz, controles de ANC, silenciamento de microfone, ou outras funções.
2. Botão Rolo (Roller Key): Permite controlar o volume através do movimento de rolar, com um som tátil muito satisfatório. Pressionar o rolo permite tocar e pausar, enquanto um toque longo ativa os controles de ANC.
3. Botão de Pedal: Considerado muito atencioso, permite empurrar para a direita ou esquerda para trocar de música. Pressionar e segurar permite avançar rapidamente pela música, pulando para a sua parte favorita.
Em resumo, os controles do Nothing Headphone One foram considerados muito superiores aos dos XM5s.
Há também uma porta Type-C para carregamento e áudio na parte inferior, ao lado da entrada de 3.5 mm, do interruptor liga/desliga e do botão de *pairing* (pareamento) na parte interna.
Qualidade de Som
As especificações são promissoras: *drivers* dinâmicos de 40 mm, suporte a áudio LDAC de alta resolução e a sintonia feita pela KEF. As expectativas eram altíssimas, esperando que ele superasse os XM5s, AirPods Max e até mesmo o Sennheiser H1.
Infelizmente, na primeira utilização, o som não foi bom. O grave estava ruim, os vocais soavam arranhados e, em volumes mais altos, havia estalos significativos. Inicialmente, suspeitou-se que o problema fosse o celular. Ao trocar para o Nothing Phone 3A Pro, o problema persistiu. A conexão via cabo de 3.5 mm no Moonrop phone e até via cabo Type-C no laptop resultaram na mesma qualidade de som ruim.
Após mencionar o problema a colegas, foi sugerido que havia algo errado com os fones. De fato, a unidade testada tinha o lado direito danificado. Após solicitar a substituição, a Nothing enviou uma nova unidade em menos de 24 horas. Com a nova unidade, após atualizar o *firmware*, o resultado foi mágico.
* Graves: Muito bem ajustados, sem distorção, mesmo em músicas exigentes como “Rajata” ou “Bad Guy”.
* Vocais: Notavelmente nítidos em comparação com os XM5s em faixas como “Masakali” e “Sunflower”.
* Separação de Instrumentos: Excelente em músicas complexas como “Bohemian Rhapsody” e “Strawberry Fields Forever”.
* Agudos (Treble): Não são ásperos ou gritantes, o que é positivo.
Em geral, o áudio está muito bem equalizado no EQ Padrão Balanceado. Para quem deseja mais controle, o EQ Avançado permite ajustar ganho, frequência e fator Q, o que é um ótimo recurso.
O único ponto fraco na qualidade sonora é a loudness (volume máximo), que é um pouco menor que a dos Sony XM5. No entanto, para a maioria dos usos (ouvir música ou assistir a filmes), a qualidade sonora é muito agradável.
Controle de Ruído e Microfones
O controle de ruído também impressionou. O efeito de transparência é excelente, sendo colocado muito próximo ao nível dos AirPods Max. A Nothing faz um ótimo trabalho ao aprimorar os vocais sem soar robótico, mantendo o ruído ambiente sob controle.
No entanto, para o Cancelamento Ativo de Ruído (ANC), existem apenas quatro opções disponíveis, e os XM5s são superiores. Com música tocando nos Nothing Headphone One, mal se notava o ambiente, mas nos XM5, era impossível ouvir qualquer coisa, mesmo com alguém gritando ao redor (mencionando a impossibilidade de ouvir “John Cena”).
Em chamadas, a outra pessoa ouviu claramente, e o ruído de fundo foi bem cancelado. Mas, em comparação direta, os XM5 soaram muito melhores. Isso pode ser explicado pelo número de microfones: Nothing utiliza seis microfones, enquanto a Sony utiliza oito.
Software, Conectividade e Bateria
A interface do aplicativo é limpa e oferece todos os controles essenciais. O recurso mais elogiado é o áudio espacial com rastreamento de cabeça (*spatial audio with head tracking*), que funciona de forma tão fluida quanto nos AirPods Max.
A conectividade inclui Bluetooth 5.3 e suporte a conexão multiponto (dual device connection). Não houve problemas de conectividade, mesmo ao se mover entre cômodos. O suporte a áudio via Type-C é um diferencial positivo em relação aos XM5. Não houve *lag* perceptível ao assistir a vídeos via Bluetooth, e a detecção de uso (*over-ear detection*) funcionou perfeitamente.
A bateria é robusta, com um acumulador de 1400 mAh. A promessa é de até 80 horas de duração com LDAC e ANC desligados, e 30 horas com ambos ativados. No uso contínuo e intensivo, apenas 20% da bateria foi consumida em 8 horas. O carregamento também é rápido: 5 minutos de carga fornecem 5 horas de uso.
Preço e Conclusão
O Nothing Headphone One será lançado por $219, mas estará disponível por $199 na primeira venda.
Pelo preço, o consumidor recebe:
* Um design extremamente único.
* Controles superiores.
* Qualidade de áudio bem ajustada.
* Um ótimo modo de transparência.
* Grande duração de bateria.
Essencialmente, ele acerta em todos os aspectos básicos. O único desejo para a próxima versão é que a Nothing priorize o conforto.






