O Surface Laptop com Snapdragon X Elite durará o voo mais longo do mundo?

Testando a Bateria: A Viagem Mais Longa do Mundo com um Co-pilot Plus PC com Snapdragon X Elite

A Microsoft, em parceria com a Qualcomm, lançou os novos PCs Co-pilot Plus, repletos de recursos de Inteligência Artificial. No entanto, um aspecto que gera grande empolgação entre os usuários do Windows é a nova linha de chipsets que os alimenta: o **Snapdragon X Elite**.

Este chipset promete finalmente colocar os computadores Windows em paridade, ou até mesmo superar, em alguns aspectos, os chips M3 da Apple que equipam o MacBook Air.

Neste artigo, vamos testar um dos recursos que tradicionalmente é um grande desafio para os computadores Windows: a **duração da bateria**. O objetivo é verificar se as melhorias de autonomia prometidas pelo Snapdragon X Elite correspondem ao entusiasmo gerado.

Em vez de apenas executar benchmarks sintéticos, faremos algo mais prático: testaremos o desempenho da bateria durante o voo comercial mais longo do mundo, partindo de Nova York com destino a Singapura. Este é um trajeto de aproximadamente 19 horas e 10 minutos.

A ideia é realizar tarefas de trabalho leves durante o máximo possível da viagem, monitorando o consumo da bateria com capturas de tela para garantir a transparência dos resultados. Enquanto testamos a autonomia do laptop, também exploraremos a experiência de fazer essa viagem extraordinariamente longa.

A Viagem Épica: Nova York a Singapura

Estamos novamente em um avião, e apesar de ter um assento bastante confortável, a perspectiva de ficar confinado na poltrona por mais de 19 horas é, no mínimo, intimidadora.

Antes de começarmos o teste da bateria, vale a pena detalhar um pouco sobre este voo específico. Trata-se do voo SQ23 da Singapore Airlines, com duração programada de cerca de 19 horas e 10 minutos, cobrindo aproximadamente 9.537 milhas.

Esta rota, inaugurada em 2022, superou o voo anterior mais longo do mundo, que era operado pela própria Singapore Airlines: o trajeto de Newark, Nova Jersey, a Singapura, com 9.523 milhas. A previsão é que, em 2026, a Qantas retire esse título com um voo de Londres para Sydney, que terá cerca de 10.573 milhas.

A Singapore Airlines utiliza uma versão especializada, a ULR (Ultra Long Range), do Airbus A350-900 para este voo. A aeronave é configurada com apenas duas classes de serviço: 67 assentos de Business Class e 94 assentos de Premium Economy. A companhia aérea optou por não oferecer classes inferiores nesta rota, visando o conforto dos passageiros durante um período tão extenso.

Contexto do Snapdragon X Elite

Para quem ainda não conhece, a Qualcomm e a Microsoft estão promovendo este chip como o “Renascimento do PC”. Um dos grandes motores dessa afirmação é a nova arquitetura e design do Snapdragon X Elite.

Dados apresentados pela Qualcomm indicam avanços significativos:
* O processador Oryon do chipset oferece 51% mais desempenho de CPU em comparação com concorrentes, mantendo a mesma potência.
* Ele atinge o desempenho máximo do concorrente utilizando apenas 65% da energia.
* Desempenho NPU (Unidade de Processamento Neural) superior em 2.6 vezes por watt.
* Desempenho geral de NPU 2 vezes maior.
* 35% a mais de largura de banda de memória.
* 28% de desempenho multi-thread mais rápido.
* 19% melhor duração de bateria em reprodução de vídeo contra o Apple M3.

Mais impressionante ainda são os números de eficiência energética em comparação com o Intel Core Ultra 7: 60% melhor duração de bateria em reprodução de vídeo, 70% melhor com videochamadas e 2 vezes melhor em streaming de vídeo. A Microsoft até mencionou 20% mais bateria que o MacBook Air M3 de 15 polegadas.

Com essas expectativas elevadas, iniciamos nosso teste prático.

Registro de Bateria: Primeira Fase

Pouco tempo após a decolagem, o jantar é servido. A Singapore Airlines planeja refeições mais leves para garantir o conforto a bordo, incluindo vegetais cultivados em parceria com a Aero Farms (projeto “Farm to Plane” de 2019). Após o jantar, percebemos que eram cerca de 1:30 da manhã no horário de Nova York. A estratégia é tentar se manter acordado por mais algum tempo para adiantar trabalho.

Após uma hora de trabalho leve no Edge, o consumo foi de apenas 2%. A bateria caiu de 100% para **98%**. Um começo promissor, mas a fadiga da viagem forçou uma pausa para descanso.

Registro de Bateria: Segunda Fase (Pós-Sono)

Após aproximadamente 5 horas de sono (o que gerou um despertar por volta das 8:00 da manhã, horário de Nova York), ainda restavam 9 horas e meia de voo.

O dia começou, e após mais 2 horas de trabalho, o consumo totalizou uma queda de 16%, resultando em **79%** de bateria restante. Nesse momento, as luzes da cabine foram acesas, sinalizando a aproximação de outra refeição.

O segundo serviço de refeições incluiu, desta vez, ravioli de trufas. Após o almoço, retomamos o trabalho com mais café.

Registro de Bateria: Final do Voo

Trabalhamos por mais 5 horas seguidas, totalizando cerca de 8 horas de uso efetivo do laptop durante o voo (excluindo o período de sono e refeições). Ao se aproximar o pouso, a bateria havia caído 24%, restando **54%**.

Experiência de Bordo na Business Class

Antes de desembarcar em Singapura, vale a pena descrever a cabine. O assento é extremamente espaçoso; é possível acomodar duas pessoas no mesmo espaço.

No console lateral, há diversos controles:
* **Botão “Do Not Disturb”**: Acende uma luz para avisar a tripulação para não interromper o passageiro, caso ele esteja dormindo e não queira ser acordado para refeições.
* **Botões de chamada e cancelamento de chamada** para a equipe de bordo.
* **Controle do apoio para as pernas**: Botões de subir e descer, além de três posições pré-programadas: ereta, reclinada e “derretendo na cadeira”.
* É possível transformar o assento em cama, acionando uma alavanca e abaixando o encosto.
* **Controle de iluminação**: Botão para acender as luzes mais quentes do *pod* e um *spotlight* no teto direcionado para a mesa.

A bandeja é grande e se desdobra. O monitor é de tela grande, mas, curiosamente, não é sensível ao toque. Para interagir com ele, utiliza-se um **controle remoto touchscreen** que também possui um D-Pad para navegação. O controle é com fio e possui um mecanismo para recolher o cabo.

A cabine oferece múltiplos compartimentos de armazenamento, incluindo um espelho oculto. Há uma tomada universal ao ombro do passageiro, um compartimento dedicado ao laptop e portas USB-A (uma para carregamento e outra, aparentemente, para conexão de vídeo com a tela) e até uma porta HDMI, que permite usar o monitor como segunda tela.

Observamos também que a configuração dos assentos permite que ambos os passageiros em uma fileira central tenham acesso ao corredor, com uma divisória retrátil para privacidade.

Análise Final da Bateria

Chegamos a Singapura. Após cerca de 19 horas de voo, terminamos com **54%** de bateria restante. Isso significa que utilizamos o laptop por aproximadamente 8 horas no total, resultando em um consumo médio de cerca de **5.75% por hora**.

A uma taxa de consumo como essa, o laptop teria potencial para durar cerca de **17 horas** de uso contínuo em tarefas leves como as executadas (navegação e digitação).

É importante ressaltar que este teste envolveu trabalho leve, e não tarefas pesadas como edição de vídeo ou foto. Contudo, este tipo de uso representa a atividade da maioria dos usuários de notebooks.

Ao comparar com as alegações dos fabricantes, que geralmente testam em cenários otimizados (vídeo rodando localmente, brilho baixo e internet desligada), vemos números como 18 horas para o MacBook Air M3 e 21 horas para o Samsung Galaxy Book 4 Edge. A Microsoft alega até 20 horas para o Surface Laptop 13 que foi usado neste teste.

Conseguir cerca de 17 horas de bateria realizando trabalho real no computador é um feito notável para um laptop com o novo chipset Snapdragon X Elite.